Estado paulista teve onda de violência envolvendo agentes de segurança nas últimas semanas
Reprodução – Folha de São Paulo
Bruno Lucca – 20.dez.2024 às 18h14
Entidades do movimento negro protocolaram nesta sexta-feira (20) um documento que denuncia à OEA (Organização dos Estados Americanos) o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário da segurança pública, Guilherme Derrite, pela sequência de casos de violência policial no estado.
Nas últimas semanas, São Paulo viveu uma onda de denúncias de brutalidade policial.
Houve o caso do manobrista Marcelo Pereira, 25, arremessado de uma ponte por um policial militar na Cidade Ademar, na zona sul da capital, e a morte de Gabriel Renan, 26, baleado nas costas por um agente da PM em uma loja de conveniência no Jardim Prudência, também zona sul da cidade.
Policial (de preto, na porta do mercado) atira em Gabriel Renan da Silva Soares (de casaco vermelho) – Reprodução
Antes, ocorreram as mortes de Ryan da Silva Andrade Santos, 4, e Gregory Vasconcelos, 17, em uma operação na Baixada Santista.
No texto encaminhado à OEA, as entidades dizem que “esses episódios exemplificam a atuação racista e autoritária da polícia no estado” e que seria “inadmissível que, passados 36 anos da promulgação da Constituição Federal de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, a atuação policial continue sendo sinônimo de violação de direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiras”.
O documento responsabiliza Tarcísio e Derrite pela situação e pede que a organização acompanhe os casos de violência policial no Brasil, se pronuncie sobre as denúncias relatadas e recomende um trabalho para o enfrentamento das violações de direitos humanos que ocorrem nas operações policiais.
O enterro de Ryan da Silva Andrade Santos, uma criança de 4 anos, que morreu após ser baleado durante ação policial no Morro São Bento, em Santos; ele e mais de dez crianças brincavam na rua quando foram alvos de tiros, e PM diz que disparo provavelmente partiu de policial. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
O enterro de Ryan da Silva Andrade Santos, 4, que morreu após ser baleado durante ação policial no Morro São Bento, em Santos, no litoral paulista; a mãe dele assistiu ao sepultamento numa cadeira de rodas, sem forças para levantar, e teve um ataque nervoso ao deixar o local. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
O enterro de Ryan da Silva Andrade Santos, 4, morto durante ação policial no Morro São Bento, em Santos; PM fala em revide a ataque contra policiais, e moradores contestam versão oficial. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
Enterro de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, que morreu morto durante ação policial no Morro São Bento, em Santos, no litoral paulista. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
Alunos, professores e funcionários da Escola Estadual Deputado Emílio Justo assistem ao cortejo em homenagem a Ryan da Silva Andrade Santos, 4, no Morro São Bento; ele foi morto durante ação policial enquanto brincava com outras crianças na rua. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
O ouvidor das polícias, Cláudio Aparecido da Silva, questiona abordagem de policiais militares em frente ao cemitério Areia Branca, logo após o enterro de um menino de 4 anos que foi morto pela PM; motoqueiro abordado em frente ao cemitério disse que tomou tapa no capacete. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
Enterro do Gregory Ribeiro Vasconcelos, 17, que morreu após ser baleado durante ação policial no Morro São Bento, em Santos, no litoral paulista; família deixou de fazer velório e carreata após o corpo ficar fora da câmara de refrigeração por mais de 24h. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
Carro do Batalhão de Choque da PM próximo a viela no Bom Retiro, em Santos, onde um homem foi morto dois dias após ação que deixou um adolescente de 17 anos e uma criança de 4 anos mortos, além de dois feridos. Folhapress/Allison Sales – 7.nov.2024
O documento reúne mais de 60 assinaturas de diversas entidades do movimento negro, organizações sociais, coletivos, grupos periféricos e de defesa dos direitos humanos, como UNEafro Brasil, Instituto de Referência Negra Peregum, Geledés e Casa Sueli Carneiro.
Representantes dos grupos também serão recebidos em uma audiência online por Ivan Marques, secretário de segurança multidimensional da OEA.